sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sindicato dos Petroleiros do Rio e FNP sabiam da corrupção

por Emanuel Cancella


O Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) sabiam da corrupção na Petrobrás, muito antes de ter sido denunciada pela Operação Lava Jato.
Não sabiam com a minúcia de detalhes a que pode chegar só uma investigação criteriosa feita por profissionais da Polícia Federal. Mas tinham fortes suspeitas. Chegaram a reunir evidências, inclusive muito antes dos governos de Lula e de Dilma. Desde o período FHC. Reuniram e divulgaram evidências, dentre outras fotos, depoimentos, relatórios.
Como não têm poder de polícia e muito menos os supra poderes do Judiciário, o que fizeram então com essas graves suspeitas os sindicalistas? Diga-se de passagem boa parte deles oriunda do PT, embora nem todos.

Usaram as armas próprias dos trabalhadores. Atos públicos, enterremos simbólicos e “escrachos” de diretores e gerentes suspeitos de corrupção. Fizeram denúncias junto à Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho, insistente e reiteradas vezes. Desde a época de FHC, passando por Lula e Dilma. Fizeram, ainda, inúmeros releases à imprensa.

No entanto, as denúncias foram engavetadas, os releases ignorados e rasgados. Muitas dessas ações resultaram não na apuração dos fatos, mas na punição e condenação de seus autores, via de regra por “danos morais”.

Ou seja, transformaram-se os corruptos em vítimas e os denunciantes e suas entidades em réus, obrigados a pagar multas e, em alguns casos, até a prestar serviços comunitários – como aconteceu, na época de FHC, com um ex-presidente do Sindipetro-Caxias – por ter chamado de “corrupto” um ex-diretor da Petrobrás hoje, finalmente, condenado por corrupção.
No governo FHC, a empresa Marítima ganhava uma licitação atrás da outra para a construção de plataformas, apesar das persistentes denúncias contra ela, encaminhadas pelos sindicatos de petroleiros. Ainda hoje há fortes suspeitas de que o afundamento da P-33, na Bacia de Campos, foi um ato criminoso. Junto à plataforma, afundaram-se também todas as evidências de fraudes e desvios que poderiam incriminar a Marítima e muita gente graúda, inclusive daquele governo.
 O então genro de FHC, David Zylbersztajn, nomeador pelo ex-presidente primeiro diretor Geral da Agência Nacional de Petroleiro, nada fez para apurar as suspeitíssimas causas do afundamento da plataforma que causou a morte de 11 trabalhadores petroleiros. A plataforma estava avaliada na época em 350 milhões de dólares, fora a carga que também se perdeu.
Já em seus discurso de posse o genro de FHC já deixava claro a que interesses servia, quando anunciou diante da imprensa nacional, internacional e de representantes das multionacionais: “Senhores, o petróleo é vosso!”
Num rasgo de sinceridade o ex-presidente da República, em seu livro autobiográfico “Diários da Presidência”  admite que havia corrupção na Petrobrás, desde quando governou.
O mais intrigante é que os sindicalistas petroleiros que sempre denunciaram a corrupção foram ignorados, perseguidos e/ou punidos. Ninguém virou celebridade. O juiz Sérgio Moro, no entanto, chefe da Operação Lava à Jato, foi premiado pelas Organizações Globo e pelo governo dos Estados Unidos.
Em contrapartida, recentemente, o Sindipetro-RJ foi proibido pela Justiça de citar publicamente ou no jornal que é distribuído aos trabalhadores os nomes de alguns dos gestores da Petrobrás. Em caso de desobediência, fomos alertados de que estaríamos sujeitos a pagar multas vultosas e até a prisão.
São essas contradições e disparidades no tratamento dispensado àqueles que denunciam a corrupção levam a várias perguntas. Uma delas é por que não se investiga com igual rigor o caso Zelotes e as empresas da área de Comunicação envolvidas com lavagem de dinheiro, no escândalo das contas do HSBC, na Suíça.
Os sindicalistas sabiam e denunciaram o que sabiam sobre a corrupção na Petrobrás. O circo montado em torno da Lava à Jato leva a crer que a principal motivação do espetáculo armado é facilitar a venda de ativos da Petrobrás, fatiá-la para facilitar a venda aos gringos e entregar as petrolíferas estrangeiras o nosso pré-sal.. De nossa parte, vamos resistir.

Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2015 

OAB/RJ 75 300              
               
Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.



    

Um comentário:

  1. Caros companheiros (as)!
    Parabenizo o Secretário Geral do Sindipetro Rio, Emanoel CancellaCancellalx pela determinacão em contribuir com os esclarecimentos sobre está praga da Corrupção no Sistema Petrobras.
    O nosso grande desafio foi encarar o Projeto Liberal do Collor e o Neoliberal de FHC, ambos deteinados a privatizar o Sistema Petrobras.
    Foi o início do sucateamento principalmente na REDUC, eles iriam começar a privatização pelas Unidades da Divisão de Lubrificante.
    A Empresa que já estava fazendo toda sondagem dendro da REDUC era a SHELL. Mas foi barrada pelas nossas greves muita porrada e a Peaozada não recuou os caras saíram fora.
    Aí iniciamos a auditoria sendo que foi realuzada pelos próprios trabalhadores com riqueza de detalhes dos números e fotos dos contratos fantasmas que desviaram e comprovado 207 milhões de dollares (desvios de equipamentos, venda de equipamentos novos em vosleilões" na Reduc e DTSE (hoje Transpetro). A Gerência da Petrobras contratou uma equipe de profissionais das Universidades do Estado do Rio de Janeiro para pesquisar se era verdadeira a denúncia do Sindipetro Caxias na época década de 90 e ficou comprovado que realmente tinha "vários desvios de conduta."
    Está denúncia ficou engavetada no Ministério Público Federal do Trabalho, a Gerência assinou um Termo de Ajuste de Conduta e não resolveu NADA.
    A corrupção continuou e em Janeiro de 2000 acordamos com a Baía da Guanabara toda inundada de Óleo PE II (óleo para caldeira). Motivo roubaram o dinheiro ou o equipamento que fazia o monitoramento do bombeio para os tanques do DTSE na Ilha, e não foi possível observar o vazamento, e os Corruptos nada aconteceu.
    Eu, Cesário era o Presidente do Sindipetro Caxias, fui processado pela vara criminal de Caxias e fui condenado a 12 meses de detenção, isso foi transformado em prestação de serviço comunitário.
    Obs.tudo que fizemos foi debatido e aprovado nas Assembléias na porta da REDUC.
    É isso Camaradas, a luta continua.
    Lavajato é o cacete, quero ver levantarem a década de 90..
    Dentro do Sistema Petrobras ainda tem muitos CORRUPTOS.
    Obs.segue umas fotos da época.
    Grande abraço Manel, meu Camarada!
    Axé!
    Nilson Cesário
    Membro da Comunicação Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil / OAB-RJ
    FECEBOOK cesarionilson@ hotmail. com
    Telefone e WhatsApp 21- 997068650

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