por Emanuel Cancella
O Sindicato dos Petroleiros do Estado do
Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)
sabiam da corrupção na Petrobrás, muito antes de ter sido denunciada pela
Operação Lava Jato.
Não sabiam com
a minúcia de detalhes a que pode chegar só uma investigação criteriosa feita
por profissionais da Polícia Federal. Mas tinham fortes suspeitas. Chegaram a
reunir evidências, inclusive muito antes dos governos de Lula e de Dilma. Desde
o período FHC. Reuniram e divulgaram evidências, dentre outras fotos,
depoimentos, relatórios.
Como não têm
poder de polícia e muito menos os supra poderes do Judiciário, o que fizeram
então com essas graves suspeitas os sindicalistas? Diga-se de passagem boa
parte deles oriunda do PT, embora nem todos.
Usaram as
armas próprias dos trabalhadores. Atos públicos, enterremos simbólicos e
“escrachos” de diretores e gerentes suspeitos de corrupção. Fizeram denúncias
junto à Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho, insistente e
reiteradas vezes. Desde a época de FHC, passando por Lula e Dilma. Fizeram,
ainda, inúmeros releases à imprensa.
No entanto,
as denúncias foram engavetadas, os releases ignorados e rasgados. Muitas dessas
ações resultaram não na apuração dos fatos, mas na punição e condenação de seus
autores, via de regra por “danos morais”.
Ou seja,
transformaram-se os corruptos em vítimas e os denunciantes e suas entidades em
réus, obrigados a pagar multas e, em alguns casos, até a prestar serviços
comunitários – como aconteceu, na época de FHC, com um ex-presidente do
Sindipetro-Caxias – por ter chamado de “corrupto” um ex-diretor da Petrobrás
hoje, finalmente, condenado por corrupção.
No governo
FHC, a empresa Marítima ganhava uma licitação atrás da outra para a construção
de plataformas, apesar das persistentes denúncias contra ela, encaminhadas
pelos sindicatos de petroleiros. Ainda hoje há fortes suspeitas de que o
afundamento da P-33, na Bacia de Campos, foi um ato criminoso. Junto à plataforma,
afundaram-se também todas as evidências de fraudes e desvios que poderiam
incriminar a Marítima e muita gente graúda, inclusive daquele governo.
O então
genro de FHC, David Zylbersztajn, nomeador pelo ex-presidente primeiro diretor
Geral da Agência Nacional de Petroleiro, nada fez para apurar as suspeitíssimas
causas do afundamento da plataforma que causou a morte de 11 trabalhadores
petroleiros. A plataforma estava avaliada na época em 350 milhões de dólares,
fora a carga que também se perdeu.
Já em seus
discurso de posse o genro de FHC já deixava claro a que interesses servia,
quando anunciou diante da imprensa nacional, internacional e de representantes
das multionacionais: “Senhores, o petróleo é vosso!”
Num rasgo de
sinceridade o ex-presidente da República, em seu livro autobiográfico “Diários
da Presidência” admite que havia corrupção na Petrobrás, desde quando
governou.
O mais
intrigante é que os sindicalistas petroleiros que sempre denunciaram a
corrupção foram ignorados, perseguidos e/ou punidos. Ninguém virou celebridade.
O juiz Sérgio Moro, no entanto, chefe da Operação Lava à Jato, foi premiado
pelas Organizações Globo e pelo governo dos Estados Unidos.
Em
contrapartida, recentemente, o Sindipetro-RJ foi proibido pela Justiça de citar
publicamente ou no jornal que é distribuído aos trabalhadores os nomes de
alguns dos gestores da Petrobrás. Em caso de desobediência, fomos alertados de
que estaríamos sujeitos a pagar multas vultosas e até a prisão.
São essas
contradições e disparidades no tratamento dispensado àqueles que denunciam a
corrupção levam a várias perguntas. Uma delas é por que não se investiga com
igual rigor o caso Zelotes e as empresas da área de Comunicação envolvidas com
lavagem de dinheiro, no escândalo das contas do HSBC, na Suíça.
Os
sindicalistas sabiam e denunciaram o que sabiam sobre a corrupção na Petrobrás.
O circo montado em torno da Lava à Jato leva a crer que a principal motivação
do espetáculo armado é facilitar a venda de ativos da Petrobrás, fatiá-la para
facilitar a venda aos gringos e entregar as petrolíferas estrangeiras o nosso
pré-sal.. De nossa parte, vamos resistir.
Rio de Janeiro, 22 de
janeiro de 2015
OAB/RJ
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Emanuel Cancella é coordenador do
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
OBS.: Artigo enviado para possível
publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros
órgãos de comunicação.
Caros companheiros (as)!
ResponderExcluirParabenizo o Secretário Geral do Sindipetro Rio, Emanoel CancellaCancellalx pela determinacão em contribuir com os esclarecimentos sobre está praga da Corrupção no Sistema Petrobras.
O nosso grande desafio foi encarar o Projeto Liberal do Collor e o Neoliberal de FHC, ambos deteinados a privatizar o Sistema Petrobras.
Foi o início do sucateamento principalmente na REDUC, eles iriam começar a privatização pelas Unidades da Divisão de Lubrificante.
A Empresa que já estava fazendo toda sondagem dendro da REDUC era a SHELL. Mas foi barrada pelas nossas greves muita porrada e a Peaozada não recuou os caras saíram fora.
Aí iniciamos a auditoria sendo que foi realuzada pelos próprios trabalhadores com riqueza de detalhes dos números e fotos dos contratos fantasmas que desviaram e comprovado 207 milhões de dollares (desvios de equipamentos, venda de equipamentos novos em vosleilões" na Reduc e DTSE (hoje Transpetro). A Gerência da Petrobras contratou uma equipe de profissionais das Universidades do Estado do Rio de Janeiro para pesquisar se era verdadeira a denúncia do Sindipetro Caxias na época década de 90 e ficou comprovado que realmente tinha "vários desvios de conduta."
Está denúncia ficou engavetada no Ministério Público Federal do Trabalho, a Gerência assinou um Termo de Ajuste de Conduta e não resolveu NADA.
A corrupção continuou e em Janeiro de 2000 acordamos com a Baía da Guanabara toda inundada de Óleo PE II (óleo para caldeira). Motivo roubaram o dinheiro ou o equipamento que fazia o monitoramento do bombeio para os tanques do DTSE na Ilha, e não foi possível observar o vazamento, e os Corruptos nada aconteceu.
Eu, Cesário era o Presidente do Sindipetro Caxias, fui processado pela vara criminal de Caxias e fui condenado a 12 meses de detenção, isso foi transformado em prestação de serviço comunitário.
Obs.tudo que fizemos foi debatido e aprovado nas Assembléias na porta da REDUC.
É isso Camaradas, a luta continua.
Lavajato é o cacete, quero ver levantarem a década de 90..
Dentro do Sistema Petrobras ainda tem muitos CORRUPTOS.
Obs.segue umas fotos da época.
Grande abraço Manel, meu Camarada!
Axé!
Nilson Cesário
Membro da Comunicação Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil / OAB-RJ
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